A música, porém, pode exercer tanto uma influência maléfica quanto benéfica sobre homens e animais.
Hoje em dia, temos a terapia musical, cuja importância já era reconhecida pelos nossos antepassados e aplicada em grande escala.
Segundo a Enciclopédia de Brockhaus, a terapia musical é “um remédio psicoterapêutico da condição psicossomática do ser humano. O esforço de curar as doenças com a ajuda da música é antiquíssimo”.
De fato, entre os árabes e egípcios, o médico era um músico mágico, influenciando corpo e alma com o poder do som. E um provérbio chinês, de há 3.000 anos, enaltece a música como “um remédio que prolonga a vida”.
Também no Velho e Novo Testamento encontramos muitos exemplos do poder curador da música. E, em certas tribos norte-americanas, o pajé, para curar certas doenças, cantava melodias para seus pacientes, para ajudar em sua recuperação, ao mesmo tempo que os aconselhava a inventarem e cantarem eles mesmos outras canções.
Contudo, o fato de povos “primitivos” muitas vezes revelarem maior confiança no poder de tambores e trombetas para curar doenças nada tem a ver com superstição. O lama, sacerdote tibetano, que também é médico e entra na casa dos pacientes, fazendo música, não quer exatamente curar o doente com a sua música. Ele apenas usa a música como meio de concentrar a força de vontade do paciente e levá-lo ao êxtase necessário para que ele se cure.
Os gregos veneravam Esculápio, filho de Apolo e, em sua mitologia, o deus da medicina descendia diretamente do deus da música. Na Ilíada, de Homero, podemos ler que uma epidemia causada por Apolo foi eliminada pelo coro dos Aechaeros. Também no livro 29 da Odisseia, conta-se que um ferimento de Ulisses parou de sangrar quando tratado com música.
Há inúmeros exemplos onde a música, como remédio, faz “milagres”. O filósofo e matemático grego Pitágoras (570-497 a.C.) livrou-se de um bando de lobos prontos a devorá-lo tocando sua flauta, e foi um dos primeiros que tentou curar doenças com a ajuda da música. Assim, ele tocou uma música séria e suave, num determinado ritmo, para curar um rapaz bêbado que estava querendo queimar a casa de sua amada, por ciúme.
Fonte: Texto publicado na Revista Planeta
Número 73- Outubro de 1978
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